segunda-feira, 29 de outubro de 2018

pesadelo

Dia 29/10/2018, o relógio despertou as 6h00. Acordei e por alguns segundos pensei que havia tido um pesadelo. Lembrei que o pesadelo está só começando. Levantei, tomei banho. Tenho muita coisa para fazer, um filho para criar e batalhas diárias para vencer com a mente e o coração. Estou movida pelo "pessimismo da razão, otimismo da vontade" (Gramsci).

sábado, 27 de outubro de 2018

Um corpo que grita #EleNão ontem, hoje, amanhã e sempre

O fascismo nunca saiu de cena e sua sombra sempre nos cerca. O fascismo materializado no racismo, no machismo, na homofobia, na guerra aos Direitos Humanos e no ódio de classe, sempre apareceu aqui e ali, em doses diárias e consequências enormes - algumas irreversíveis. Esse mesmo fascismo hoje é pauta reivindicada por alguns grupos que, em nome da liberdade, defendem o direito de ofender, violentar e matar. A violência fascista se materializou na UEL demarcada em um banheiro. Um conteúdo em tom de ameaça, que além de ser violento, fala em nome daquele que nos recusamos nomear por tanto tempo. O #EleNão ganhou as ruas, mas não ganhou as urnas do primeiro turno. Quem é esse “ele” que não queremos? Seu nome é Jair Bolsonaro, um cara que diz o que é e o que vai fazer. O cara que infla o ego ao dizer que foi contra a lei das domésticas, que orientação sexual se “conserta” na pancada, que negro que pesa “arroba” não serve nem para “procriar”, que índio não terá um centímetro de terra, que ter filha mulher é "fraquejar", que diz outras e outras e outras mil facetas do fascismo. Um cara que transmite ódio em seus poros. Aquele ódio em nome de deus. O ódio que justificou “guerra santa”, holocausto e muitas outras barbáries. O ódio da intolerância, que quer destruir “tudo que não é espelho” parafraseando a máxima psicanalítica cantada por Caetano. Sou professora da Universidade Estadual de Londrina, atuo com extensão universitária no campo da educação em Direitos Humanos, por isso, a omissão jamais poderá compor minha atividade docente e pessoal. É por Direitos Humanos que luto, por isso, não há tolerância para a intolerância. A resistência não se fortalece com meias palavras. A comunidade universitária da UEL precisa se fortalecer em nome da democracia e da autonomia. Nos últimos dias iniciou-se o fortalecimento do projeto de opressão às universidades. Bolsonaro ainda não está no poder e mesmo assim, os juízes que pertencem as elites brasileiras acharam-se no direito de interferir no cotidiano do “estimular pensar” presente nas universidades. Proibições, buscas e apreensões, mandados de prisões, repressões diversas. Mas no dia 26/10/2018, algo terrível demarca o momento, pois enquanto acontecia um ato contra o fascismo na frente da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, viram que havia um corpo dentro de um carro. Os jovens ali, reunidos contra o fascismo, enquanto um corpo, sem vida “gritava”. Um corpo de homem de 50 e poucos anos com várias passagens pela polícia. Um corpo “inútil” muito útil para o recado: “bandido bom é bandido morto”. Um corpo que aparece na frente da universidade, mas é daquele que provavelmente sempre esteve longe dela. O corpo não é do militante “esquerdista”, “comunista”, “PTralha”. É um corpo que sempre compôs o grupo dos corpos prováveis a serem mortos por violência. É um corpo que traduz a violência de classe, etnia e gênero que já existe. É um corpo que anuncia como essa violência tende a aumentar se o fascismo assumir a presidência do país. Se coincidência ou não, este corpo diz muito. Diz da barbárie que vivemos e aponta para o agravamento que tem por vir. O controle, ameaça e o medo não poderão nos abater, pois a educação é um dos caminhos capazes de reverter esse abismo político ideológico que o país está entrando. E, como bem sabemos, essas relações abismais estão na esfera da superestrutura e possuem como objetivo a manutenção da sociabilidade burguesa e da ordem do capital. Declaro que votarei em #Haddad13, pois acredito que o ódio não poderá vencer nas urnas. O afeto e o contato não podem ser vencidos pelas redes sociais. A insanidade não pode vencer o bom senso. #EleNão ontem, hoje, amanhã e sempre. Independente do resultado das eleições: #BolsonaroNÃO. Andréa Pires Rocha, docente do Departamento de Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina – UEL – Paraná. 27/10/2018 (perdoem-me por prováveis erros de português, escrevi com o coração e não reli)