tag:blogger.com,1999:blog-69818425894612009672024-03-13T01:22:45.234-03:00de fora pra dentro - de dentro pra fora ...de fora para dentro, de dentro pra fora: a dialética humana! Somos formados pelo que vem de fora, valores, pensamentos, ideologias e isso tudo é (re)entendido,(re)lido, (re)elaborado, (re)digerido, (re)produzido e colocado pra fora, como se fosse a primeira instância. Não é a primeira instância, o que está neste blog é sim a materialização de todos os pensamentos do mundo que passaram por mim e representam uma época, um contexto, uma sociedade. Sou louca, mas não sou sozinha.Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.comBlogger95125tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-44379878610387836602018-10-29T06:38:00.000-03:002018-10-29T06:38:12.199-03:00pesadeloDia 29/10/2018, o relógio despertou as 6h00. Acordei e por alguns segundos pensei que havia tido um pesadelo. Lembrei que o pesadelo está só começando. Levantei, tomei banho. Tenho muita coisa para fazer, um filho para criar e batalhas diárias para vencer com a mente e o coração. Estou movida pelo "pessimismo da razão, otimismo da vontade" (Gramsci). Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-37468022885134174852018-10-27T23:01:00.001-03:002018-10-27T23:01:31.017-03:00Um corpo que grita #EleNão ontem, hoje, amanhã e sempreO fascismo nunca saiu de cena e sua sombra sempre nos cerca. O fascismo materializado no racismo, no machismo, na homofobia, na guerra aos Direitos Humanos e no ódio de classe, sempre apareceu aqui e ali, em doses diárias e consequências enormes - algumas irreversíveis. Esse mesmo fascismo hoje é pauta reivindicada por alguns grupos que, em nome da liberdade, defendem o direito de ofender, violentar e matar. A violência fascista se materializou na UEL demarcada em um banheiro. Um conteúdo em tom de ameaça, que além de ser violento, fala em nome daquele que nos recusamos nomear por tanto tempo. O #EleNão ganhou as ruas, mas não ganhou as urnas do primeiro turno. Quem é esse “ele” que não queremos? Seu nome é Jair Bolsonaro, um cara que diz o que é e o que vai fazer. O cara que infla o ego ao dizer que foi contra a lei das domésticas, que orientação sexual se “conserta” na pancada, que negro que pesa “arroba” não serve nem para “procriar”, que índio não terá um centímetro de terra, que ter filha mulher é "fraquejar", que diz outras e outras e outras mil facetas do fascismo. Um cara que transmite ódio em seus poros. Aquele ódio em nome de deus. O ódio que justificou “guerra santa”, holocausto e muitas outras barbáries. O ódio da intolerância, que quer destruir “tudo que não é espelho” parafraseando a máxima psicanalítica cantada por Caetano. Sou professora da Universidade Estadual de Londrina, atuo com extensão universitária no campo da educação em Direitos Humanos, por isso, a omissão jamais poderá compor minha atividade docente e pessoal. É por Direitos Humanos que luto, por isso, não há tolerância para a intolerância. A resistência não se fortalece com meias palavras. A comunidade universitária da UEL precisa se fortalecer em nome da democracia e da autonomia. Nos últimos dias iniciou-se o fortalecimento do projeto de opressão às universidades. Bolsonaro ainda não está no poder e mesmo assim, os juízes que pertencem as elites brasileiras acharam-se no direito de interferir no cotidiano do “estimular pensar” presente nas universidades. Proibições, buscas e apreensões, mandados de prisões, repressões diversas. Mas no dia 26/10/2018, algo terrível demarca o momento, pois enquanto acontecia um ato contra o fascismo na frente da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, viram que havia um corpo dentro de um carro. Os jovens ali, reunidos contra o fascismo, enquanto um corpo, sem vida “gritava”. Um corpo de homem de 50 e poucos anos com várias passagens pela polícia. Um corpo “inútil” muito útil para o recado: “bandido bom é bandido morto”. Um corpo que aparece na frente da universidade, mas é daquele que provavelmente sempre esteve longe dela. O corpo não é do militante “esquerdista”, “comunista”, “PTralha”. É um corpo que sempre compôs o grupo dos corpos prováveis a serem mortos por violência. É um corpo que traduz a violência de classe, etnia e gênero que já existe. É um corpo que anuncia como essa violência tende a aumentar se o fascismo assumir a presidência do país. Se coincidência ou não, este corpo diz muito. Diz da barbárie que vivemos e aponta para o agravamento que tem por vir. O controle, ameaça e o medo não poderão nos abater, pois a educação é um dos caminhos capazes de reverter esse abismo político ideológico que o país está entrando. E, como bem sabemos, essas relações abismais estão na esfera da superestrutura e possuem como objetivo a manutenção da sociabilidade burguesa e da ordem do capital. Declaro que votarei em #Haddad13, pois acredito que o ódio não poderá vencer nas urnas. O afeto e o contato não podem ser vencidos pelas redes sociais. A insanidade não pode vencer o bom senso. #EleNão ontem, hoje, amanhã e sempre. Independente do resultado das eleições: #BolsonaroNÃO. Andréa Pires Rocha, docente do Departamento de Serviço Social da Universidade Estadual de Londrina – UEL – Paraná. 27/10/2018 (perdoem-me por prováveis erros de português, escrevi com o coração e não reli)Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-25257164246600379182018-04-02T12:40:00.000-03:002018-04-02T12:40:14.329-03:00Vida feita por momentos: certeza da finitude e incerteza de quando ela virá<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://3.bp.blogspot.com/-UGUXoBovHII/WsJNmftgM1I/AAAAAAAAGzU/GfsicE9IrOgnzacfRXewde7EC1h81SvUQCLcBGAs/s1600/yn%2Byang.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://3.bp.blogspot.com/-UGUXoBovHII/WsJNmftgM1I/AAAAAAAAGzU/GfsicE9IrOgnzacfRXewde7EC1h81SvUQCLcBGAs/s320/yn%2Byang.jpg" width="320" height="319" data-original-width="225" data-original-height="224" /></a></div>
A vida sempre nos mostrando que é feita por momentos, não por fase. Não posso deixar de materializar por meio de palavras o que estou sentindo... Desde o meu aceite para desenvolver o pós-doutorado na Escola de Serviço Social da UFRJ (realização de um sonho) acreditei que viveria uma fase maravilhosa... Somar pós doutorado e a oportunidade de estar junto com meu companheiro por seis meses de fato é algo muito, muito, muito extraordinário para nós, eu, ele e, principalmente, Janjão. Até o dia 16/03/18, primeiro dia da licença, trabalhei feito louca para deixar as coisas na UEL mais ou menos em ordem. Esse “mais ou menos em ordem” diz respeito ao fato de que para sair em licença acabamos sobrecarregando colegas, especialmente aquelas pessoas que já estão sobrecarregadas (meu muito obrigada a colegas que de maneira direta estão fazendo com que essa licença seja realidade, Eliana, Lorena, Olegna, Dione e Ana Patrícia... essas que irão tocar “meus” projetos por seis meses. Além disso, a nova equipe do colegiado que componho, em nome da Melissa e Mabel agradeço a todas, pois tocarão esses seis meses sem minha “ajuda”). Deixar coisas acontecendo não foi fácil (e não está sendo)... Deixar projetos que foram minha motivação em 2017 por conta da alegria de compartilhar com estudantes tão lind@s, me exigiu um bom exercício de desapego. Além disso agradeço profundamente minha família que se dispõe a cuidar do Janjão com todo amor e carinho nos momentos que preciso... Meus pais, minhas irmãs, meus sogros, gratidão por todo amor que tem pelo meu filho! No mais, tudo correndo bem, maravilhosamente bem... Confesso que estava com medo da violência do Rio, pois a morte e significado da morte de Marielle foi muito forte para mim. Mas abri o pós-doutorado com chave de ouro no Seminário “Sistema de Justiça e Saúde Mental: que relação é essa?”, no qual pude ter a certeza de que o grupo Transversões da UFRJ, que agora componho, é um grupo sério e gerador de processos. Depois tive a sorte de participar do evento de pesquisadores da pós-graduação da UFRJ, que mesmo sendo um evento de pesquisadores, foi um evento que propôs muito mais que o lattes pede... Um evento gratuito com o tema: “Lutas e Resistências em tempo de conservadorismo”, com conferencistas de várias partes do mundo que discutiram Brasil e América Latina... Pude ver Zé Paulo defendendo costas raciais e falando que o negro precisa conhecer sua história (logo, as disciplinas que discutem historia da África e afro-brasileira, são essenciais). Pude também contemplar Marilda Iamamoto falando de pesquisas que ainda desenvolve, sendo homenageada, pois depois de aposentar-se na UFRJ, agora se aposenta na UERJ. Pude dançar jongo ao lado de Marilda Iamamoto e Yolanda Guerra. Essa experiência de estar na UFRJ me mostra que as “estrelas” do serviço social são docentes universitárias, que se deparam com desafios cotidianos como aqueles que nós, docentes da UEL nos deparamos... São pessoas trabalhadoras, envolvidas e dedicadas na história do Serviço Social, história essa que também componho, que compomos... Quebrar preconceitos é o desafio. Prenconcitos também que se referem a minha auto-estima, a dúvidas no que tenho para oferecer.... Neste ponto vivenciei experiência extraordinária, fazendo uma fala sobre minhas pesquisas para estudantes de uma sala da graduação da UFRJ, que se interessaram pelo debate, fizeram perguntas, foi muito legal! Também já tenho três vivências marcadas para abril: uma banca de doutorado, dividir uma fala com o Zarconne (que é um cara que leio!) em disciplina especial sobre Direitos Humanos e compartilhar uma mesa sobre pesquisa acerca da Política de Drogas Serviço Social. Tudo isso graças a Rita Cavalcante! No mais, estou convicta que tive muita sorte (sorte mesmo!) de ter sido aceita por Rita e Eduardo para o desenvolvimento do pós doutorado... São pessoas humanas, lindas, que fazem com que o afeto componha a vida acadêmica. Sei que irei aprender muito com el@s! Enfim, tudo caminha bem, muito, bem, então penso: estou em uma fase boa! Aí ontem a energia que move o mundo mando um recado: “a vida é feita por momentos, não por fases”... Vivi uma situação daquelas que por sorte não aparecem nos jornais, pois se aparecessem seria para mostrar tragédia total. É o 8 ou 80 rodeando nosso cotidiano. Então vai a história detalhada... Quando agendei minha ida para o Rio, já sabia que precisaria de meus pais para cuidarem do Janjão aqui em Londrina ou lá em Bauru. Não deu para virem em Londrina, então fui para Bauru... Janjão ficou lá enquanto estive no Rio. No decorrer dos dias soube que a creche esperaria o pequeno voltar para tirar uma foto com a decoração de Pascoa (foto que irá compor o álbum de formatura da pré-escola!)... Então mudei minha passagem de retorno, que estava agendada para dia 02/04 às 01h30 da madruga, para dia 01/04 às 15h30... Ao chegar na rodoviária, soube que houve uma confusão e a pessoa que mudou a passagem me enviou que estaria certo para as 15h30, mas na verdade modificou para as 14h... Cheguei na rodoviária as 15h e o “rolo” se instalou (curiosamente não briguei, como costumo fazer!), a única saída foi um bus para as 18h30... Topei, voltei para a casa dos meus pais bem frustrada, mas ainda satisfeita por terem conseguido passagem para domingo mesmo... Voltei para rodoviária, e com atraso encostaram dois ônibus para Londrina, um as 18h30 e outro as 18h31... descobri que o meu era segundo. Sem problemas, eu e Janjão entramos no ônibus felizes da vida, pois depois de duas semanas, voltar para casa é tudo de lindo! Mas o universo tinha um recado para mim e para quem estava no ônibus... Sofremos um pequeno acidente, que poderia ter sido muito grande. Era 20h, chegávamos em Ourinhos/SP, ou seja, há uns 120 km de Bauru, chovia muito... Senti que o motorista jogou para esquerda. Alguns segundos depois ouvimos o barulho da batida. Levantei e percebi que ele estava parado na lado esquerdo da pista (que era dupla)... No mesmo segundo, passou um caminhão gigante pela direita, daqueles com dois carros, que carrega óleo ou substâncias químicas (carga perigosa)... O bicho passou correndo e parece que jogou para o acostamento. Na hora pensei que o motorista havia jogado à esquerda para fugir do bichão, que talvez estivesse desembestado, atropelando todo mundo. Depois descobri que foi de fato uma batida. Ele foi ultrapassar um carro. A motorista do “titubiou” por conta da chuva e acabou perdendo o controle, atingindo o ônibus. No final, não foi nada grave, pois todos seguiram até o posto policial. Mas o caminhão não saia da minha mente. Se o ônibus tivesse parado na transversal, certamente eu não estaria contando essa história hoje... Seria sim notícia de telejornais nacionais. Vivi aquele instante que a gente vê a vida por um triz e tem a convicção de que nada está totalmente posto ou definido. Ver o Janjão dormindo ao meu lado sem saber de nada me dava uma sensação de alegria e também de medo. Medo do que vida me reserva. No final das contas, nossa viagem atrasou duas horas e meia, pois ficamos duas horas no posto da policia rodoviária para fazer o boletim, etc... Eu fui a única testemunha no boletim de ocorrência, pois somente eu verbalizei a questão do caminhão passando pela direita. Questão essa que foi bem favorável para o motorista, pois a moça do carro disse que foi ele quem invadiu a pista da direita. Quem estava certo ou errado? Não sei... Só sei que o ocorrido foi de fato um acidente. Um acidente que poderia ter sido manchado de sangue. O trecho do local do acidente até o posto da Polícia Ferroviária foi muito difícil. Olhava para aquela vidinha do meu lado e de outras três crianças no ônibus e me dava vontade de dizer: pare essa porra! Vamos parar e esperar a chuva parar, o sol nascer e a segurança transbordar. Já passei umas três ou quatro vezes pela sensação da morte bem perto. Situações que trazem a certeza da finitude e incerteza do dia em que ela pode acontecer. Enfim, tudo deu certo no final, o que fica são experiências e reflexões... E, depois de três horas de atraso, o ônibus enfim chegou em Londrina.. E eu: “- Janjão, chegamos em Londrina!” Ele: “- que legal mamãe, foi rapidinho!”. Isso é vida! Vida vivida dentro da dialética de suas contradições... Hoje estou muito assustada com o risco eminente da finitude a grata por poder contar essa história. Não sei se alguém vai ler, mas tinha que colocar para fora! Obrigada Janjão por renovar minha vida, obrigada Nego, por ter me dado essa renovação! E, findo com a potente frase de Guimarães Rosa em Grande Sertões Veredas: “viver é um risco”!Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-5435695120904260922017-03-13T20:42:00.002-03:002017-03-13T20:57:54.379-03:00Simulacro da comunicaçãoSentei no corredor e um bom ângulo de visão permitia que eu visse todos os cliques daquele jovem de uns 18 anos. Um jovem bonito, com uma camiseta bem branquinha, calça caqui e tênis novinho de marca. Ele usava os polegares com uma velocidade impressionante. As vezes, voracidade. Pra cima e pra baixo, sinais de jóia, kkk´s, sorrizinhos. Via vídeos de outros jovens como ele, ouvindo-os com um fone. Ria sozinho. Eu dormia, acordava e lá estava ele freneticamente com o aparelhinho nas mãos. Em uma de minhas olhadelas levei um susto, pois estava vendo um videozinho pornô caseiro. Fiquei meio sem graça, disfarcei e parei de olhar. Dormi mais um pouquinho. Foram onze horas de viagem. E lá estava ele, comunicando-se, comunicando-se, comunicando-se. Mas na real, na real, bem na real, nenhum sorriso para o lado, nenhum boa tarde, nenhum boa noite, nenhum por favor, nenhum dá licença, nenhum obrigado, nenhum “que calor”. Só silêncio e indiferença. E o simulacro da comunicação estava ali em suas mãos. E ele acreditava que se comunicava.
Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-9345949877668524612017-03-01T07:56:00.003-03:002017-03-01T07:56:56.087-03:00velando o amor no carnavalNem é quarta-feira de cinzas, mesmo assim estou velando o nosso amor. O amor que estava velho, a deriva em um barco a vela. Os sopros, cada um para seu lado. O velho amor que não era mais nosso, mas sim de cada um à sua maneira. O momento que revela que o amor estava velho, cansado, distante, perdido, que mesmo a vela do barco não poderia conduzir. Com ventos opostos impossível resistir sem afundar. Velar o amor no carnaval é assumir que resta pouca alegria, pouca cor, pouca risada, pouco prazer, pouca carne, pouca alma. Ventos e caminhos opostos, mas que terão que se convergir na estrada rumo ao filho, que precisa de caminho. Sim, velo o nosso amor que estava velho. Mas olho para frente, para a estrada, para o mar, para o barco a deriva e penso que os ventos podem se somar quando cada um for feliz e puder transportar ventos fortes e livres para que o filho possa navegar e caminhar a passos firmes.
Andrea Rocha 28/02/2017, dia de carnaval mais triste de minha vida.
Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-70824600574470305862013-03-05T20:07:00.002-03:002013-03-15T13:32:54.746-03:00Nascimento do João Pedro: nosso rebento rebentou!Os meses da gestação passaram tranquilamente, com pouquíssimas intercorrências, quase nenhuma, pra dizer a verdade... Entramos na 37ª. semana de gestação e a ansiedade começou pegar. Escolher o parto normal traz consigo inúmeros elementos objetivos e subjetivos. O normal não é visto com normalidade... Falar para as pessoas que já estava com 39 semanas esperando o parto normal parecia coisa de outro mundo. A pressão estava grande. Eu mesma me pressionava e pedia todos os dias “nasce João Pedro! Nós te amamos e queremos você aqui”... Com isso, acho que levei um pouco de pressão para o João Pedro também... No dia 19/02/13 acordei mais ansiosa que nunca, estava com 39 semanas e 5 dias... Na parte da manhã o Zé Francisco me convidou para ir ao clube relaxar na piscina. Não estava muito calor, mesmo assim arranquei forças do nada e fui com ele... Foi bom, relaxei por lá, caminhei na agua, me alonguei... A tarde dei uma choradinha. Entrei em um debate no grupo do GESTA no facebook e a mulherada me deu bastante força e falou dos três “hots”: sexo quente, banho quente, comida quente. Sobre o sexo, fisicamente estava impossível... banho quente, tomei no chuveiro. E, naquela noite fiz uma torta de sardinha cheia de pimenta. Depois de comer a torta, senti umas dorzinhas que pareciam cólica intestinal, pensava que fossem contrações de BH... Por volta das 21 horas continuei conversando com as meninas do GESTA no facebook e a Marília propôs de fazermos meu “chá de bênçãos” na quarta-feira. Eu disse, amanhã não posso, pois estarei sem marido e sem automóvel... Ah, um detalhe importante é que o Zé Francisco iria para Maringá na parte da tarde, mas de repente, intuitivamente ele disse que iria dormir aqui comigo e apenas na madrugada viajaria para Maringá... Voltando a conversa com as meninas, eu postei algo do tipo: “vamos ver, pois estou sentindo umas dorzinhas nunca antes sentidas”... Desliguei no notebook e a bolsa rompeu, naquele instante, naquele exato momento. A bolsa explodiu e eu explodi de alegria. O Zé Francisco ficou todo preocupado, mas manteve a calma, me acalmando...Eu saltitante fui ao banheiro enquanto ele ligada para o Galletto. Mas, infelizmente, quando cheguei no banheiro vi no chão um sinal negativo: o liquido amniótico estava amarelo, meio verde limão... E como havia participado dos grupos, estudado, lido muito sobre parto e suas particularidades, percebi que não era um bom sinal... Mesmo assim estava feliz, pegamos as bolsas, a bola gigante que comprei para fazer exercícios e ajudar no trabalho de parto. Fomos para o Hospital Araucária, chegamos lá por volta das 22h... A enfermeira me examinou, viu que estava com 3 para 4 cm de dilatação, notícia boa! Senti-me maravilhada, emocionada... Mas logo veio algo preocupante, pois deu alteração no cardiotoco. O bebê estava com os batimentos normais, mas sem reação. Isso me deixou totalmente vulnerável e preocupada, logo, minha pressão subiu e ficou 15 x 10... aí foi a gota d’agua. A enfermeira ligou para o médico e ele mandou me internar. Ela foi muito simpática e considerou meu desejo de ter o parto normal no leito, deixando-me em um quarto sozinha (que meu plano não cobria), apenas para dar a luz se tudo desse certo, depois eu mudaria para o quarto duplo. Mas, assim que o médico chegou, me examinou, viu o liquido amniótico e disse: “isso é verde Andréa... está com mecônio”. Em seguida falou: “tenho duas notícias, uma boa e uma ruim. A boa é que seu filho vai nascer hoje, a ruim é que será cesárea”. A notícia foi um golpe forte, eu questionei se não haveria outra saída e ele explicou que juntando os três elementos (mecônio + cardiotoco alterado + hipertensão), o bebê poderia entrar em sofrimento e faltar oxigenação. Então eu e o meu companheiro não questionamos mais nada. Senti raiva, tristeza, frustração, medo. Dentre todos esses sentimentos, o medo era o mais forte, mas não por mim, mas sim pelo João Pedro, medo dele ser prejudicado, sofrer. Então pensei que se tivesse que ser cesárea de emergência, que fosse logo. Quando eu vi estava na maca, sendo levada para o centro cirúrgico. Parecia que estava em um barco a deriva. Falei para o Galletto: “não vai tirar meu filho pelas pernas, como se fosse um frango” e ele disse que o bebê nasceria como se fosse um parto normal. Depois da anestesia, em 10 minutos meu filho nasceu, chorou e eu gritei “seja bem vindo João Pedro!”. Ele nasceu as 23h47 minutos. O Zé Francisco não se conteve e foi tentar pegar o filho no colo, disseram que ele não podia (só víamos vídeos de parto normal, que o pai pega o bebê, corta o cordão, etc...) .. Trouxeram aquele rostinho lindo para eu ver, encostaram no meu rosto, ele estava bem quentinho, lindo, lindo... Logo o levaram para os procedimentos. E o pai foi junto. Parece que na cesárea o pai se torna o maior protagonista. É o pai que acompanha tudo, que vai junto, que assiste o primeiro banho, que cuida, que protege. Ainda bem que meu companheiro, meu amor, o pai do meu filho estava lá, protagonizando e dando seus primeiros passos como pai. Por outro lado, eu me senti um pacote. Anestesiada, ansiosa. Mas em nenhum momento me senti violentada ou desrespeitada... Em uma hora estava com meu filho no colo, amamentando-o, emoção igual não existe. Vale colocar aqui neste relato que eu e o Zé Francisco havíamos acordado que confiaríamos no Galletto e, se por ventura, acontecesse do médico dizer que teria que ser cesárea, iríamos fazer sem muito estresse. Foi justamente o que aconteceu. Não sei se as coisas poderiam ter sido diferentes. Não sei se meu filho poderia ter nascido de parto normal. O que sei é que aceitamos a indicação médica por amor a ele. Para mim, o parto normal seria o “ponto final” da gestação da forma que idealizei. Para o João Pedro, o parto (independente se normal ou cesárea) seria as “reticências” de uma vida longa que estava por vir. Escolhemos as reticências, os três pontinhos que exprimem continuidade, dialética, movimento. Cesárea não é parto? Tecnicamente não é, mas a cesárea foi a forma que meu filho veio ao mundo, foi o “parto” dele, foi de onde ele partiu! É certo que carregarei para sempre um sentimento de frustração. A bola gigante ficou no carro, não foi usada. As dores dos pontos foram como dores na alma. Outra coisa que me deixou bem triste foi perceber que as pessoas pró-cesárea comprovaram suas teses de que eu não conseguiria ter um parto normal. Todavia também sei que essas pessoas não fazem isso por mal, mas sim por ignorância (no sentido estrito da palavra). E, o que vale realmente a pena, o que verdadeiramente transborda é a felicidade de que nosso rebento rebentou feliz! Ele nasceu quando quis, quando estava pronto... Nasceu bem, é uma criança linda, que foi a atração do dia naquele hospital, por conta dos seus 4.190 gramas e 52 cm... Ele nasceu sorrindo, pois nasceu amado. É amado. Agora estou eu aqui aprendendo a ser mãe... Aprendendo a lidar com as delicias e angustias que acompanham as mudanças revolucionárias que um filho traz, afinal de contas, o rebento rebentou!!!
Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-15916737014898259692013-02-15T21:43:00.001-02:002013-02-15T21:51:13.193-02:00Angustias e alegrias da espera... (parte 2 - espera do nascimento)Depois do resultado positivo a angustia tomou outro lugar: o inicio da gravidez. Medo de aborto espontâneo, cuidados com a alimentação. Enjôo, azia, sono... Cansaço. Quanto cansaço. Nunca imaginei que seria assim... E, neste contexto uma meta foi estabelecida: a conclusão do doutorado ainda em 2012. No começo foi complicado, pois a dedicação que a tese exigia não combinava com os sintomas do primeiro trimestre da gravidez... E isso fazia a angustia apertar. Mas logo pude viver uma grande alegria: primeiro ultrassom, que vi a vida pulsando, cintilante, bela, com um coração tocando um forte samba. Fiquei extasiada... A emoção foi só minha, pois acabei não levando o Zé Francisco, não pensei que seria tão lindo.... Até que fizemos a segunda ultrassom que, a meu ver, é a mais emocionante de todas, pois contemplamos nosso filhinho nadando na água, formadinho dando cambalhotas e no meio das perninhas vimos o pênis do menino que viria (virá) para separar nossas vidas em antes e depois dele, nossa vida se divide em AJP – DJP (“Antes do João Pedro” – “Depois do João Pedro”). Neste período nossa vida como casal foi se acertando e os problemas que vivíamos foram sendo superados. Ele foi contratado como professor colaborador da UEM. Eu em licença da UEL, totalmente dedicada a tese. A angustia do segundo trimestre se referia muito mais a finalização do doutorado, que a gravidez propriamente dita. A conclusão da tese não foi fácil, pois um filho, antes mesmo de nascer, muda o nosso foco, muda o nosso olhar. E o estudo sobre adolescentes explorados como mulas do tráfico de drogas na fronteira Brasil – Paraguai tornou-se algo demasiadamente denso. Mesmo assim, aos trancos e barrancos consegui terminar a tese, depositei em tempo hábil para defesa que aconteceu no dia 17/12/12. Não foi a defesa que sonhava, porém, aquela altura do campeonato, estava muito mais querendo ser mãe que doutora. Hoje sou doutora, contando os dias e minutos para que a maternidade se materialize com um choro. Já sou mãe desde o resultado positivo, mas o desejo de ter o João Pedro no colo tem se intensificado cada dia mais. Não sei porque cargas d’agua eu havia colocado na cabeça que ele nasceria de 37 semanas. Por isso, a 37ª. semana foi um marco e nada do nosso menino vir ao mundo. A 38ª semana passou. As dores no corpo aumentam, a dificuldade de locomoção, a azia, o peso (são 18 quilos a mais), tudo isso somando a ansiedade é a pura materialização da angustia. Estamos na 39ª semana e nada. Até o dia de hoje, nada de dilatação, mas, segundo o médico, o colo do útero já está preparado. Porém surgiu uma novidade no percurso: “polidramnia discreta”, ou seja, um pouco mais de liquido amniótico do que o normal (acho que 200 ml). E isso tem tirado meu sono, pois em um mundo com excesso de informações, uma grávida só pode enlouquecer buscando explicações sobre algo que poderia passar despercebido. Mas, o que mais me preocupa mesmo é a fala do médico: “deu um pouco de liquido a mais, o único problema é que se a bolsa romper de repente, a pressão da água pode levar o cordão umbilical junto. Mas é só me ligar, quando romper me avisar imediatamente”. Fui de novo dedicar horas de minha vida para entender o que seria isso, e vi que há uma chance em mil de acontecer um prolapso de cordão, porém, se acontecer pode trazer sequelas graves para o nosso filhote. E agora, a torcida para que a bolsa rompesse a qualquer momento tornou-se medo. O medo de que alguma coisa dê errado é grande. A esperança e a fé de que nada dará errado também é grande. Há um misto de sensações. As vezes choro e penso em optar por uma cesárea por medo do pior acontecer, outras vezes me sinto confiante em continuar esperando o parto normal, quem sabe, natural. Como falei acima, as vezes o excesso de informações pode enlouquecer, mas também pode prevenir. E estou aqui, pensando no que decidiremos. Mantemos nossos planos ou mudamos a rota? Essa angustia invade a alma, mas a alegria de saber que de uma forma ou outra nosso filhote estará em breve conosco ainda é maior. Mesmo assim, acho importante ter o direito de me sentir ansiosa, cansada, angustiada... No mundo dos “pecados”, parece pecado dizer: “o final da gravidez é trash”... ou dizer: “estou com medo de alguma coisa dar errada”, pois pensar assim é pensar negativo, é atrair coisas negativas...Somos cobrados por tudo e por todos. Quero ter a liberdade de falar que a espera da chegada de um bebê é um evento repleto de alegrias e de angustias. Essa é a verdade... a verdade não é a gravidez idealizada nos filmes com final feliz. A realidade é bem mais complexa, o que não tira a beleza e a alegria profunda do momento... Por isso, falo com o João Pedro: “filho querido, decida você... Acabe com a angustia boba da sua mãe. Venha da melhor maneira, venha sem sofrimento, venha sorrindo. Sua mãe e seu pai estão preparados para sua chegada. Se quiser vir hoje, venha. Se quiser vir amanhã, que seja. Só não demore muito, pois nosso amor é tão grande que chega a apertar. E é você que nos ensinará a ser mãe e pai. É você... Só você...”. Te amamos João Pedro Rocha dos Santos!!!
PS: o próximo relato sera do parto!!!
Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-25691907739266701012013-02-15T21:34:00.000-02:002013-02-15T21:59:16.790-02:00Angustias e alegrias da espera... (parte 1 - espera da gravidez)Quero falar um pouco da espera. De uma espera que revoluciona para sempre a vida humana: a espera de um filho. Essa espera vem repleta de angustias e alegrias, antes mesmo da gravidez. Relatarei sobre a espera do meu ponto de vista, de minha vivência, de minhas sensações. Antes mesmo do sinal de “positivo”, a espera já era angustiante... Muito planejamento, ovulação, posição, horário, alimentação, lua. E, depois de alguns dias, o sinal que sempre me fez “mulher” chegava: a menstruação. E a tristeza angustiante vinha acompanhada da esperança. Quando decidimos engravidar estávamos morando fora do Brasil, eu em Madrid e Zé Francisco em Lisboa. A ponte área Espanha – Portugal foi constante. E os encontros eram organizados para os dias da ovulação... A primeira tentativa foi em um Hostel em Amsterdam, tudo muito romântico... Mas, logo depois veio a primeira frustração, seguida de outras. Quando voltei para o Brasil, em janeiro de 2012, fui correndo em um médico para verificar se havia algum problema: nada! Em fevereiro fiz um ultrassom justamente no dia da ovulação, vi o óvulo lá e o médico disse: ele esta aí, se pegar te vejo em um mês. Não “pegou”, mas o que pegou foi a tristeza e o desânimo, já eram 5 meses de tentativa. Depois disso, começamos a desanimar, mas, como mulher disposta a ter um filho, permaneci atenta as ovulações... Até que observei que a ovulação de maio caia justamente na virada de lua crescente para lua cheia. Namoramos e neste mesmo dia viajei 12 horas de busão para Franca, para ter orientação do doutorado. Fiz tudo que não fazia nas outras tentativas, ou seja, me movimentei, comi mal, sei-lá, tudo que eu pensava que poderia prejudicar o processo de fecundação/nidação... Até que no dia 10/06, a menstruação não veio. No dia 11/06, fiz um jantar romântico para comemorarmos do dia dos namorados antecipado, pois no dia seguinte o Zé Francisco viajaria para São Paulo para também ter orientações do doutorado. Fiz carne seca na moranga. Enfeitei a mesa com velas. Coloquei músicas românticas ao fundo e tomamos nosso pileque com bons vinhos. No outro dia de manhã ele viajou. Fui até o aeroporto levá-lo, já angustiada com a possibilidade da gravidez e com o medo da frustração. Ao chegar em casa comecei aplicar tecidos em uma cômoda que deixamos na sala, fiz artesanato, enfeitei o móvel com tecido azul de florzinhas. Fiz os assentos da cadeira com o mesmo tecido. Mas o pensamento na possibilidade da gravidez me invadia a mente e a alma. Então fucei na internet sobre testes caseiros... Fiz todos e todos deram positivo, mas ainda estava sem coragem para fazer o teste de farmácia e constatar mais um “não”. No dia seguinte fui na aula de Yôga, ao chegar na aula a primeira coisa que a professora/amiga Nara falou foi: estou grávida. Entendi como um sinal e disse para ela: eu desconfio que também estou. Ela me estimulou a fazer exame de farmácia. Fiz, deu uma lista escura e uma clara. Desanimei, mas a Nara disse por telefone: é positivo. Eu disse, acho que não. E claro que ela me convenceu a fazer o exame de sangue. Fiz e no mesmo dia tive a resposta: POSITIVO. Essa resposta veio em um dia interessante, dia 13/06, no dia de Santo Antonio. Foram exatamente 9 meses de espera para a gravidez e, por mais que pareça piegas, a gravidez aconteceu no momento certo. A angustia deu lugar para alegria. Não falei nada para o futuro papai por telefone. Porém, coincidentemente minha família viria para Londrina naquele fim de semana. Logo falei para minha mãe sobre a gravidez, e a vinda se transformou em uma comemoração... Na sexta-feira o Zé Francisco chegou, fui encontra-lo no aeroporto com um presente muito especial.... Para explicar isso terei que voltar um pouco na história e relatar um fato ocorrido no início do nosso relacionamento... A questão é que eu trouxe de uma viagem que fiz a Cuba em 2007 um charuto para o “futuro pai do meu filho”. E, quando ele veio em casa pela primeira vez, viu o charuto e eu disse: “esse é para o pai do meu filho”... Naquele momento ele não entendeu muito bem, mas expliquei: “o homem que for o pai do meu filho ganhará esse charuto”. Passado algum tempo, quando o relacionamento ainda não tinha “nome”, ele me ligou no meio da madrugada e disse “olha, se for pra fumar o charuto, estamos aí”, foi a declaração de amor mais linda que ouvi! Portanto, o presente que levei pra ele no aeroporto foi o charuto. Ele abriu, não entendeu muito e logo caiu a ficha. Ficou impactado com a notícia. Parecia feliz, porém preocupado, pois naquele período vivíamos algumas barras com relação a grana, etc... ele ainda estava a procura de trabalho no Paraná, enfim, a notícia foi uma bomba maravilhosamente bela. E o coitado chegou em casa, meus pais já estavam aqui... e ele, impactado. Talvez repleto de alegria e angustia. E o pileque do jantar do dia dos namorados foi o ultimo que pude desfrutar. E alegremente embarcamos na viajem da maternidade/paternidade...
Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-83489154052839582332012-11-14T10:13:00.000-02:002012-11-14T10:13:54.287-02:00Um desabafo sobre a racionalidade irracional do mundo acadêmicoVamos lá… Até o final do mês de setembro deste ano eu pensava que iria concluir minha tese de doutorado enviar para meu orientador. Ele iria ler, fazer algumas indicações. Eu corrigiria e depois contrataria um profissional para a revisão gramatical e ortográfica. Então, mandaria alguém imprimir os dez exemplares e depositaria no programa no máximo no fim de outubro, início de novembro. Defenderia, a banca sugeriria novas alterações pontuais, eu corrigiria e entregaria a versão final na biblioteca. Lógica aparentemente normal, não? Não. No programa de pós que estudo não é assim. Descobri que teria que enviar à biblioteca e a equipe de lá teria o prazo de um mês para fazer as correções e que eu só poderia depositar o material depois da autorização da bibliotecária. Foi a partir desta descoberta que meus problemas se iniciaram, pois passei a me preocupar mais com formas e normas, que com conteúdo. A ditadura das normas invadiu a minha relação com a tese, transformando-a em uma relação desgastante, fazendo com que o “tesão” de tecer uma tese fosse para o ralo. Por conta da gravidez, a questão dos prazos da biblioteca foram sendo ultrapassadas (gravidas possuem alguns privilégios!), mesmo assim, eu não aguentava mais papo do tipo: “aqui o ponto final é depois dos parênteses, aqui o ponto final é antes”. E fui entrando no meu limite. Um desgaste físico, mental e emocional tremendo. A moça foi ajudando a arrumar para conseguirmos o cumprimento do prazo mais importante: depósito da tese no dia 14/11/12. E assim as coisas foram seguindo e eu fui perdendo o protagonismo diante da minha tese. Até que no “fim final”, quem colocou o ponto final na tese foi a moça da biblioteca, não foi eu. Me senti mal, impotente e frustrada, pois vi a tese se transformar em um objeto determinado por normas externas. Neste sentido, a tese deixou de ser vista como um produto decorrente de um processo que demandou tanto esforço e dedicação. A forma se sobrepôs ao conteúdo. Que racionalidade é essa? Essa racionalidade é tão irracional que transforma a banca em uma convecção. O momento crucial, no qual os convidados proporão ajustes (pontuais, espero!), os quais poderiam aprimorar o trabalho final, fica apenas para futuras publicações, não para o trabalho que estará nas bibliotecas, no site do Domínio Público. Por quê? Porque a tese já foi entregue, carimbada, vacinada e TRAVADA. Se a preocupação fosse com o conteúdo, o programa me daria um prazo para arrumar o material depois da defesa, mas a preocupação é com a ditadura dos órgãos que fiscalizam os programas de pós graduação, com o máximo de defesas em um ano, com a racionalidade irracional que determina o mundo acadêmico. Estou aqui escrevendo isso enquanto alguém tenta imprimir e encadernar a tese para ser entregue ainda hoje, 14/11/12. Hoje é o prazo máximo, pois a defesa será dia 17/12/12 sendo, portanto, essencial que os exemplares cheguem às mãos dos membros da banca o mais rápido (im)possível. Membros que merecem todo respeito pois foram solidários e toparam a realização de uma banca quase na véspera de Natal. Espero, sinceramente, que dê tudo certo, pois minha tese não é um objeto normativo, mas sim, um produto de corrente de um processo reflexivo, não o melhor do mundo, mas é a materialização do meu processo reflexivo. De qualquer forma, vamos lá, seguir enfrente, pois a defesa será ainda este ano e para mim, é isso que importa agora!
.................................................................................................................................................<i>Nota: não estou criticando a equipe da biblioteca (ao contrário, só tenho a agradecer, pois acabaram me ajudando muito), mas crítico o modelo em que os processos estão inseridos.</i>
Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-12263922457809079462012-10-20T07:19:00.000-03:002012-10-20T07:24:48.093-03:00sou mamífera!
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://2.bp.blogspot.com/-BswgOG5Te38/UIJ6PNtxEhI/AAAAAAAAAMY/oqiegTEmauM/s1600/mam%25C3%25ADfera%2Bcom%2Bfilhotes.jpg" imageanchor="1" style="clear:left; float:left;margin-right:1em; margin-bottom:1em"><img border="0" height="241" width="209" src="http://2.bp.blogspot.com/-BswgOG5Te38/UIJ6PNtxEhI/AAAAAAAAAMY/oqiegTEmauM/s320/mam%25C3%25ADfera%2Bcom%2Bfilhotes.jpg" /></a></div>
A gravidez é um evento humano totalmente simples, natural e, ao mesmo tempo, espetacular. A partir de um olhar coletivo, é normal que crianças nasçam. A partir de um olhar individual, particular, singular, a vinda de uma criança é algo revolucionário. Sempre acreditei que o amor materno poderia ser um mito construído social e historicamente. Agora vivo a maternidade, desde os enjoos, da primeira ultrassom, das dores na lombar, com a sensação do serzinho se mexendo pra lá e pra cá massageando meu útero (que até então é seu lar) e, principalmente, com a espera da chegada do meu filho. Essas sensações me fizeram repensar sobre o "mito do amor materno". Será que o amor materno é um mito mesmo? Será que estou naturalizando as coisas? Mas quando olho para maternidade, não só do "animal humano", mas em todos os animais, observo que o instinto é determinante. O que é o instinto? É natureza pura. Todas as fêmeas cuidam da sua cria, porque seria diferente com as fêmeas humanas? Sou mamífera. Estou gerando um mamífero. Descobrir-me como "mulher selvagem" foi muito importante, agora, descubro-me como "mamífera", isso é extraordinário. Obrigada João Pedro! Obrigada energia que move o mundo!
Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-32171669338499516692012-10-20T07:09:00.002-03:002012-10-20T07:09:38.878-03:00manhã de primaveraESCRITO EM 07/10/2012
Esses dias tenho pensando muito na gravidez, no parto, no futuro... Entretanto dois eventos especiais trouxeram mais força para a reflexão: 1) infecção no nervo ciático com fortes dores; 2) consulta com uma nutricionista que tem ódio de gordo. Esses dois fatos vieram para me trazer medo e, ao mesmo tempo, força. Com relação as dores no nervo ciático, foi bem pesado, pois fiquei com dificuldade para andar e comecei a misturar as coisas: dor no nervo ciático com dores do parto. Entrei em parafuso, pois minha intenção é um parto normal... então ficava pensado: se agora dói tanto a lombar, como irei aguentar o parto. Depois, fui na nutricionista, pois já engordei muito e o encontro, que tinha tanta expectativa, foi uma catástrofe. Me senti humilhada, mal, feia, gorda, pois a moça só me colocou para baixo. Mas hoje, exatamente hoje, dia 07/10/2012, nesta manhã de primavera, pensei e repensei, coloquei estes problemas no âmbito do desafio... Olhei para minha barriga, minha "gordura" e vi que é a gordura que sempre sonhei (já engordei 9 quilos em outros momentos de minha vida, sem nenhum bebezinho dentro da barriga)... Com relação as dores no ciático, meu médico foi super atencioso, me medicou e depois da crise intensa, pude olhar para isso e confiar no médico para o parto. Para finalizar com chave de ouro, terminei de ler o livro "Parto com Amor" e tudo se encaixou... Quero ficar forte, bem forte, forte de verdade... Me manter saudável e lutar pelos meus sonhos e fazer com que o nosso filhinho amado, João Pedro, venha ao mundo da forma mais natural possível... E salve as manhãs de primavera!!!!
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://3.bp.blogspot.com/--MNKwtSc53g/UIJ4PGPqvbI/AAAAAAAAAMM/g0K8Y6eqkF4/s1600/DSC02271.JPG" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="240" width="320" src="http://3.bp.blogspot.com/--MNKwtSc53g/UIJ4PGPqvbI/AAAAAAAAAMM/g0K8Y6eqkF4/s320/DSC02271.JPG" /></a></div>
Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-77386838285093274492012-09-17T18:10:00.001-03:002012-09-17T18:14:28.597-03:00O samba do coração,
142 tuns tuns por minuto.
Com pique, repique,
rebola-bola.
Com repinique,
com surdo, cuica,
percussão,
tamborins, caixas,
pandeiro,
reco-reco, agogô,
cavaquinho,
apito
e acenos de mãos.
Samba no pé.
Energia.
Confete e serpentina.
Brilhos cintilantes.
O samba do coração.
Soa com a alegria
do próximo fevereiro.
Soa com a alegria
de anos festeiros.
Soa com a alegria
do mundo inteiro.
Soa, soa tum-tum coração.
(Dréa Rocha)Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-91656496019781244692012-06-28T11:25:00.001-03:002012-07-03T09:03:05.575-03:00Vida dentro da vida.
Vida que pulsa cintilante,
como uma estrela.
Vida que tem som,
como do vento.
Essa vida dentro da vida,
antes de tudo,
já existia no coração.
Agora agua, terra, ar, fogo,
fazem a junção,
elementos que alimentam
a vida que alimenta.
E a vida que cresce, agora alimenta
a vida que a alimenta
Essa vida dento da vida
é um minúsculo furacão
que veio do lado esquerdo
e que já faz revolução.
Dréa Rocha
(28/06/2012)Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-35271851993676207092012-06-26T06:26:00.000-03:002012-06-26T06:26:08.921-03:00Pensei que quando a resposta fosse “sim” eu só teria esperança. Mas, o “sim” é bem diferente do "não". E, estranhamente, quando a resposta foi “sim”, senti muita alegria, mas junto desta alegria veio o medo. É estranho, um misto de alegria e medo. Medo de ser, mais uma vez, alarme falso. Medo de ser falso positivo. Medo de gritar para o mundo. Medo das reações alheias. Medo dos colegas de trabalho. Medo de atrapalhar o final da tese. Medo de perder. Medo de acontecer comigo como aconteceu com fulana ou bertana. Medo de receber notícia “ruim”. Medo de me empolgar demais. Medo de alguma coisa acontecer errada. Medo de problemas sérios futuros. Medo da falta de grana. Medo do dia de abrir as portas. Medo de ficar obesa. Medo de não conseguir mais dormir. Medo de acabar com o relacionamento. Medo. Medo. Medo. Tanto medo que a esperança foi ficando pequeninha. O sentido maior disso tudo foi se apagando. Se é uma espera, como esperar sem esperança? Como deixar a alegria contaminada com o medo? Então, agora que o impacto inicial do “sim” esta saindo de cena, estou retirando também o medo de foco e retomando as idealizações do passado. Se esperar é ter esperança, espero esperançosa e com alegria. Agora que seja misto de alegria e esperança. Somente isso.Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-62399930356811343212012-04-25T09:35:00.001-03:002012-04-25T09:35:49.473-03:00xícaras com resto de café e saquinhos de chá. livros espalhados. dúvidas no ar. relógio com tic-tac apressado. momentos de distração mais escassos. descobertas e (re)descobertas. saudade dos amigos. tecendo uma tese. (Dréa Rocha)Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-73373073924746276152012-04-20T09:32:00.000-03:002012-04-20T09:32:03.643-03:00É o vermelhoÉ o vermelho que escapa das entranhas<br />
É o vermelho que faz mulher<br />
É o vermelho que está na rosa-amor <br />
É o vermelho que embala as bandeiras que valem a pena<br />
É o vermelho que está na fruta-desejo<br />
É o vermelho que hipnotiza nas chamas multicores <br />
É o vermelho que sensualiza o vestido <br />
É o vermelho que encanta no sol do fim da tarde<br />
É o vermelho que colore as unhas <br />
É o vermelho que mancha bocas no picolé de groselha<br />
É o vermelho que abre passagem para luz <br />
É o vermelho que escorre as pernas <br />
É o vermelho que faz-des-faz mulher<br />
<br />
<br />
(Dréa Rocha)Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-55411276615663285432012-02-02T22:13:00.000-02:002012-02-02T22:13:00.183-02:00As mãos dele já declaravamAs mãos dele já declaravam que é trabalhador. A mochila no colo, as mãos na mochila, os calos nas mãos. As mãos que tinham calos, também tinham restos de cimento, ou talvez de tinta, nos cantos das unhas. As mãos que estavam sobre a mochila seguravam, de forma meio desajeitada, um celular (daqueles relativamente modernos) os fones estavam nos ouvidos e uma das mãos segurava o microfone bem perto da boca. A conversa em tom baixinho foi ouvida. Ele dizia: “avisa aí que eu acho que vou ser mandado embora”. Prosseguiu dizendo: “o encarregado me deixou o dia inteiro sem fazer nada”. O medo da demissão deixava as mãos trêmulas, pois do outro lado alguém ficava preocupada. Então ele com a voz e as mãos trêmulas dizia: “fica calma que tudo vai dar certo, mas eu acho que vou ser mandado em embora”. Ficou triste. O choro estava na garganta. A tristeza não era percebida em meio de tantas outras mentes cansadas em um metrô lotado as cinco e meia da tarde em São Paulo. Se fosse percebida, a tristeza contagiaria a todos. Contagiaria a todos que também conversam baixinho, que tem as mãos com calos, que têm a mochila no colo e que tem o choro na garganta. A tristeza soava como uma tristeza coletiva. Uma tristeza como no “canto das três raças” do Paulo Cesar Pinheiro, cantado com toda alma da Clara Nunes, “ e de guerra em paz, de paz em guerra, todo o povo dessa terra quando pode cantar, canta de dor”. As mãos dele não negavam. Sim, é um trabalhador… É um trabalhador sentindo que perderá seu trabalho. As mãos dele declaravam, as mãos dele não negavam.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-frs8ftnw1Kg/Tysl4RGsdVI/AAAAAAAAAMA/Sga3-r5XqKs/s1600/m%25C3%25A3os.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="183" width="275" src="http://3.bp.blogspot.com/-frs8ftnw1Kg/Tysl4RGsdVI/AAAAAAAAAMA/Sga3-r5XqKs/s320/m%25C3%25A3os.jpg" /></a></div>Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-76464496322351035632012-01-01T07:10:00.002-02:002012-01-01T07:10:10.530-02:002012 chegou!2012 chegou! Chegou tranquilo, meio silencioso, meio opaco! Não chegou acompanhado dos fogos de artifícios barulhentos que colorem maravilhosamente o céu e nos deixam entorpecidos… Não chegou rodeado de pessoas vestidas de branco com calcinhas e cuecas coloridas. Não chegou ao som de carnaval. Não chegou com a mesa repleta de comida (muitas vezes excessiva comida). Não chegou com os pileques de antes. Não chegou com a sidra da infância. Não chegou com o vinho de agora. Não chegou a partir da voz rouca em contagem regressiva de um locutor de qualquer rádio FM. Não chegou com as imagens do “show da virada”, muito menos com a imagem dos fogos de Copacabana e da Paulista… Mas chegou! Chegou simples, silencioso, mesmo assim, com um pequeno estouro dentro da sala, que liberou confetes coloridos, serpentinas, estrelas brilhantes e coloridas (um bastão daqueles de formaturas, só para dar sorte!) e fogo aceso (velinhas para dar energia!). Uma camiseta branca velha. Alguns colares coloridos. Chegou com beijo quente (um pouco febril), com abraço apertado, com duas taças de suco de laranja e doze uvas dentro de cada. Chegou 2012! Seja bem vindo! E que este ano os beijos quentes aumentem (sem febre), os abraços apertados continuem constantes e, quem sabe, o silêncio e a tranquilidade sejam elementos cotidianos... A opacidade eu dispenso, quero um ano cheio de cores e alegria, como dos confetes, serpentinas e estrelas coloridas que se espalharam na sala depois de um pequeno estouro... É a dialética…Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-34916500235069105242011-08-30T17:12:00.005-03:002011-09-01T02:21:08.204-03:00A moça, as sementes e o jardineiroUma moça, muito alegre e, ao mesmo tempo, séria (séria, pois levava a vida a serio), resolveu tentar fazer germinar algumas sementes. Não sabia o que nasceria das sementes, se seriam flores e frutos ou somente flores, mesmo assim estava certa que as flores iriam enfeitar sua vida, mais que isso, acreditava que as flores poderiam mudar o mundo. O interessante da história é que a moça herdou as sementes de sua mãe. As sementes estavam com ela desde o seu nascimento. A moça guardava as sementes com muito carinho. Mas é claro que com o caminhar da vida, acabava perdendo uma sementinha aqui, outra acolá... diziam para ela que a validade das sementes era muito longa, por isso, a moça foi fazer varias coisas, menos cultivar as sementes. Ela foi viajar o mundo em um balão colorido; ela foi ler todos os romances clássicos de Goethe, Saramago, Machado de Assis, Guimarães Rosa e alguns cordéis de Patativa do Assaré, sem contar com os poemas de Pablo Neruda. A moça quis conhecer pessoas no Nepal e caminhar pelas estradas da Iugoslava. Também quis sentir a brisa em Machu Pichu e o sol do Piauí. Andou de bicicleta em Amsterdam. A moça carregou bandeiras em passeatas e ajudou cuidar das pessoas que passam fome na Etiópia. A moça foi andando por aí. Vendia bolos saborosos e tortas recheadas para manter os gastos de suas andanças. As vezes fazia alguns colares com as sementes que herdou... tinha muitas sementes e elas eram lindas. De tão lindas, fazia colares para enfeitar ela mesma também. E assim foi seguindo sua vida admirável, sua admirável vida. Estava livre, sentia saudades dos seus, que ficaram em sua terra, mas continuava andando, com sua mochila pesada (as vezes achava que deveria exercitar o desprendimento, só para mochila ficar mais leve)... Na mochila havia lenços coloridos, sandálias, saias, calças largas, protetor solar, um tênis batido e, é claro que em um saquinho no bolsinho do canto, estavam guardadas as sementes. Um dia a moça leu em uma matéria de jornal de domingo que as sementes tinham validade sim, e se não platadas a tempo, poderiam morrer, não germinar ou não dar flores. Então a moça pensou: está na hora de plantar minhas sementes, depois de tudo que vi e vivi, acredito que meu jardim poderá colaborar para com a mudança do mundo. Mas a moça ainda não havia encontrado sua paragem. Estava zanzando por aí. E as sementes continuaram num saquinho... As vezes ela as perdia, as vezes enfeitava os colorares que vendia ou que lhes enfeitava. Além da falta do lugar, a moça sentia falta de um jardineiro bom, que lhe desse as coordenadas. Mas um dia a moça olhou e viu que a quantidade de sementes estava bem reduzida e algumas já não estavam com o aspecto tão vital. Viu que suas sementes não durariam para sempre.... Ficou preocupada, pois havia herdado as sementes de sua mãe e não poderia deixar que as sementes morressem com ela. Então resolveu pegar um balão colorido no sentido inverso do que voava até aquele momento. Voltou para sua terra. Voltou para seu chão. Sentia-se livre... Tudo que havia vivido foi elemento para que se sentisse livre, pronta para construir seu jardim, plantar suas sementes e esperar para ver como as flores iriam desabrochar. Mas ainda lhe faltava a técnica, a experiência de um bom jardineiro. Alguém que adubasse com ela a terra fofa. Alguém que regasse com ela as plantinhas, desde da hora que fossem um pontinho verde na terra. Ela desanimou um pouco. Encontrar um jardineiro de confiança não erá fácil. Achou que nunca iria encontrar o jardineiro que pudesse ajuda-la... Pensou que as sementes, junto dela morreriam. Até que um dia, caminhando por uma avenida longa e movimentada, cheia de carros e buzinas em alto tom, ela viu um homem vendendo flores na esquina. A imagem lhe seduziu, pois pensou: se ele vende flores nesta avenida movimentada e estressante pode ser que possa me ajudar... Aproximou-se do quiosque do homem. Ao chegar lá, sentiu cheiro de flores. Ao chegar mais perto, sentiu aromas que ainda não havia experimentado. Sentiu um bambear nas pernas. Sentiu uma vontade de voar. Sentiu uma vontade de parar alí, de viver para sempre... E, sentiu a confiança que buscava... Sentiu que o homem poderia ajuda-la a germinar as suas sementes.... Então ela perguntou: você sabe germinar sementes? Ele disse: sim, acho que as minhas plantações tem estado bem, mas minha especialidade é orquídea. Orquídeas de todos os tipos e cores. Já cuidei de muitas orquídeas lindas... Ela disse – eu não sei se o que tenho são sementes de orquídeas, mas as tenho desde que nasci, por isso procuro alguém que me ajude germiná-las e retirou as sementes do bolsinho do lado da mochila e as mostrou. Ele respondeu – que bom, não importa que planta seja, mas mesmo assim posso te ajudar. Então ela marcou um horário com ele em sua casa, combinou tudo. Na casinha com quintal que havia escolhido para se estabelecer, para plantar finalmente seu jardim. Ele foi, levou de presente para ela uma orquídea rara e lhe disse: essa é a sua orquídea e além das suas sementes, te ajudarei a cuidar da sua orquídea, pois adoro o aroma das orquídeas, adoro tocá-las e cuidá-las com carinho. Ele lhe deu todas as dicas para manter a orquídea vistosa e as sementes vivas. Ele continuou indo, ensinando, cuidando. As vezes ele aparecia com alguns espinhos presos em sua roupa, esses espinhos chegaram a machucar a moça, mas logo ele os tirava de seu macacão de jardineiro, outras vezes ela que os tirava. A moça também passou a cuidar dele, além de retirar os espinhos de sua roupa, fazia-lhe coisas que ele gostava e o animava a prosseguir em seus planos. Por outro lado, a moça também tinha seus grilos, havia visto e vivido tanta coisa e nem foi bom, então a moça tinha medo do jardineiro abandoná-la e ele foi lhe dando segurança dia a dia. No final das contas, ele cuidava da moça, a moça cuidava dele e ambos foram plantar as sementes. Ele a ajudou preparar a terra. Ensinou-a adubar. Ajudou-a colocar as sementes. Foi regando junto com ela. Até que um dia, depois de uma chuva prazerosa, que molhou todo o jardim, as sementes germinaram e brotaram algumas mudinhas. Os dois ficaram imensamente felizes com o feito e cuidaram com todo cuidado. Até que as plantinhas começaram a crescer. E a expectativa da moça e do jardineiro era de saber o que viria dali: será que virá uma árvore frutífera? Será que virá uma flor cheirosa? Será que virá um arbusto? E a moça viu que valia a pena ter guardado suas sementes e, principalmente, ter batalhado para germiná-las. E quando a planta enfim tomou forma, viram que era um pezinho de amora. Que, com muito amor, daria muitas amoras. A moça viu, enfim, que o seu jardim repleto de amoras, se não mudasse o mundo, mudaria a vida dela, mudaria a vida dele. As amoras exigiriam todo cuidado. As amoras cresceriam e mudariam o mudo sim, <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-u9ZjKi_OLZQ/Tl1ECHKjTcI/AAAAAAAAALQ/oPmPZ9MHgXY/s1600/S5032738.JPG" imageanchor="1" style="clear:right; float:right; margin-left:1em; margin-bottom:1em"><img border="0" height="240" width="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-u9ZjKi_OLZQ/Tl1ECHKjTcI/AAAAAAAAALQ/oPmPZ9MHgXY/s320/S5032738.JPG" /></a></div>pois se mudariam o mundo deles, que já não conseguiam se separar, estavam mudando o mundo. O jardim ficou lindo e florido, pois o jardineiro plantou outras flores e frutas, e a moça cuidou com carinho de todas as flores, plantas, arbustos e da sua orquídea, que continuou impecável, viva, cheirosa, agradando o jardineiro. No mais, as amoras eram amorosas. As amoras tinha aroma suave. As amoras eram felizes. As amoras eram amadas. As amoras pintavam roupas e bocas. As amoras trouxeram bênçãos para a moça e para o jardineiro. Que bom que ela guardou as suas sementes! Que bom que ele adubou as sementes! <br />
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Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-11101203560744194572011-08-27T18:29:00.000-03:002011-08-27T18:29:38.394-03:00putz...putz.. agora que vi que a ultima babozeira que escrevei aqui foi em abril...<br />
há tempos quero escrever, mas são tantas as (des)culpas ou mesmo justificativas, que não vale a pena aparecer aqui... acho que voltarei ao exercício de colocar na tela minhas piras... Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-3026380962907053732011-08-27T18:25:00.002-03:002011-08-27T18:25:12.576-03:00pintei minhas unhas de vermelhoQuinta-feira eu pintei minhas unhas de vermelho, mesmo assim continuei angustiada... triste... com um buraco no peito. As vezes penso que eu não tenho mais jeito, que sou louca e ponto final. Outras vezes penso que são só momentos. Momentos de loucura, de angustia, de felicidade, de insatisfação. Não sei qual das duas opções é a mais real, ou se as duas são reais, mas sei que em minha cabeça há um turbilhão de coisas. A tristeza em meio de tantos motivos para só ter alegria. Pareço criança chorona. Acho que um dia essa intensidade me levará para o buraco. Literalmente para o buraco. Tenho medo. Tenho medo da minha intensidade e de tudo que passa por minha cabeça. Tenho medo, pois mesmo nos momentos de angustia, estou certa que só tenho o que comemorar. Tenho saúde, realização profissional, família, amigos e amor... Esta sanidade em meio da loucura é o que mais enlouquece. Pintei minhas unhas de vermelho, mas isso não é novidade, pois sempre pinto as unhas de vermelho. Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-21894683593601910412011-04-11T20:56:00.000-03:002011-04-11T20:56:56.561-03:00tempo de plantarMesmo com tanta coisa acontecendo, não tive, não tenho, tempo para escrever aqui no blog. Na verdade, hoje até que gostaria de escrever algo de verdade... mas estou cansadérrima, pois finalizei o texto da qualificação do doutorado. Na verdade, não quero pensar... Mas quero marcar que o ponto final do material que totalizaou 214 páginas, foi colocado hoje, dia 11/04/2011, (parecia um buraco sem fundo, acho que a tese ficará enorme)... Foi prazeroso escrever, principalmente, retomar minha história ao escrever a trajetória pessoal. Tentei imprimir em casa, mas sai caro... Então, fui imprimir em uma loja de xerox... gastei "os tubos", como diz minha amiga Cacau, mas sinto que é tempo de plantar. Um dia, quem sabe, irei colher. <br />
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- quero escrever sobre a chacina na escola... vamos ver se consigo logo. Mas amanhã irei para universidade, entregar o material, depois vou para sampa curtir a virada com meu amor! amém!Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-90622706466519996602011-03-24T22:02:00.001-03:002011-03-24T22:05:25.894-03:00...a inocência é a melhor coisa que existe!<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-I0gSXF6LDy8/TYvpWPofgGI/AAAAAAAAAJo/ci7tEJ14Tcs/s1600/inocencia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="278" width="320" src="http://1.bp.blogspot.com/-I0gSXF6LDy8/TYvpWPofgGI/AAAAAAAAAJo/ci7tEJ14Tcs/s320/inocencia.jpg" /></a></div><br />
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... cada sorriso, cada momento...<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-sJ9XJIHUqtw/TYvqRxyaCaI/AAAAAAAAAJw/k_iULXuQHB0/s1600/crian%25C3%25A7ada.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="259" width="320" src="http://3.bp.blogspot.com/-sJ9XJIHUqtw/TYvqRxyaCaI/AAAAAAAAAJw/k_iULXuQHB0/s320/crian%25C3%25A7ada.jpg" /></a></div><br />
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Saudade...Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-39346024221204015522011-03-15T21:08:00.003-03:002011-03-15T21:20:04.591-03:00Japão já recebeu a cor da rosa, Japão hoje recebe a cor do medo...Como ver essas notícias sobre a catastrofe no Japão e não pensar nos rumos da humanidade? Como ver essas notícias e não lembrar do Ney Matogrosso cantando com toda força?<br />
Japão já recebeu a cor da rosa, Japão hoje recebe a cor do medo...<br />
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<iframe width="425" height="344" src="http://www.youtube.com/embed/9YJaaVAQ5lE?fs=1" frameborder="0" allowFullScreen=""></iframe><br />
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<b>Rosa de Hiroshima <br />
(1973)<br />
Composição: Vinícius de Moraes e Gerson Conrad<br />
Interpretação: Secos e Molhados<br />
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Pensem nas crianças<br />
Mudas telepáticas<br />
Pensem nas meninas<br />
Cegas inexatas<br />
Pensem nas mulheres<br />
Rotas alteradas<br />
Pensem nas feridas<br />
Como rosas cálidas<br />
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Mas oh não se esqueçam<br />
Da rosa da rosa<br />
Da rosa de Hiroshima<br />
A rosa hereditária<br />
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A rosa radioativa<br />
Estúpida e inválida<br />
A rosa com cirrose<br />
A anti-rosa atômica<br />
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Sem cor sem perfume<br />
Sem rosa sem nada<br />
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</b><br />
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Música do LP "Secos e Molhados" de 1973. Música de imensa sensibilidade, onde a letra nos faz lembrar das atrocidades causadas pela bomba atômica lançada sobre Hiroshima, durante a segunda guerra mundial. "Secos e Molhados", grupo formado no início dos anos 70, por Ney Matogrosso, cantor, Gerson Conrad, cantor e compositor e João Ricardo Carneiro Teixeira Pinto, cantor e compositor. Tiveram muito sucesso pela ousadia e novidades introduzidas no visual, além de bons cantores e compositores. Seu primeiro LP foi "Secos e Molhados" de 1973. O conjunto desfez-se em 1974, passando cada um de seus integrantes a atuar em carreira solo.[...]<br />
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Dárcio Fragoso<br />
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Música: Rosa de Hiroshima<br />
Autoria: Vinícius de Moraes e Gerson Conrad<br />
Interpretação: Secos e Molhados<br />
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Pesquisas e História por Dárcio Fragoso<br />
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fonte: http://www.paixaoeromance.com/70decada/rosa_iroshima/h_rosa_de_hiroshima.htmAndréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6981842589461200967.post-70526904834528422202011-03-13T10:21:00.003-03:002011-03-13T10:57:08.007-03:00o dia iniciou lindo!O dia iniciou lindo! Um dia que representa o início da despedida do verão. O sol esta amarelo, o vento aconchegante. Tudo na medida. Acordei, um pouco mais tarde que nos outros dias, meio estranha, meio inteira, meio eu. Somente eu. Aliás, somente eu e meus pensamentos. Resolvi não fazer nada que exija esforço, que me canse, que me traga dor. Não fui correr, nem caminhar. Abri as janelas. O silencio que muitas vezes incomoda tanto, hoje é bem vindo. Pensei na importância de dar uma limpadinha na casa. Deixei o ar com cheirinho de café, depois de lustra móveis, agora de incenso, daqui a pouco de comida. Aromas que me agradam, que me trazem energias boas. Ouço uma musica relaxante da Snatan Kaur. Vou fazer uma comidinha boa só para mim. Eu mereço uma lasanha de berinjela. As fatias já estão cortadas envoltas no sal para darem uma desidratada. A louça de ontem está lavada. Tomei um banho gostoso, dei uma choradinha. Finalizei meu banho passando no corpo óleo de semente de uva com óleo essencial de alecrim. Enquanto escrevo este texto tomo um chá de hibisco, que adoro. <br />
Hoje acordei sentindo que eu preciso lembrar de mim mesma, pensar na minha vida. Resgatar o que sou, considerando o que fui ontem, ano passado ou há 34 anos atrás. Sou história, vivo a história. Estou feliz, mas ando me sentindo meio perdida. Muitas coisas ao mesmo tempo. Vivo coisas boas, sonhos se realizando. Mesmo assim, é tudo muito intenso, as vezes pesado. Nunca pensei que um dia diria isso, mas a realização de sonhos não é tão tranquila como eu imaginava. Quando penso nas dificuldades que já passei, me sinto culpada por me sentir meio perdida. Mas a vida é assim e a felicidade é muito próxima e muito longe ao mesmo tempo. É um estado que buscamos constantemente. A satisfação, igual a felicidade também é um estado, que hoje tenho, amanhã já não sei. Tenho minhas inseguranças, mas olho para trás e me convenço do quanto já conquistei. Tenho saúde, família, amigos, amor. Acho que se eu morresse hoje morreria satisfeita, principalmente, por estar valorizando a mim mesma. Bom, não irei morrer hoje e tenho muito o que fazer. Tenho uma pesquisa para fazer. Tenho uma tese para escrever. Tenho livros para ler. Tenho lugares para conhecer. Tenho aventuras para viver. Tenho família para amar. Tenho amigos para valorizar. Tenho um amor para regar. Tenho a chama para (re)acender todos os dias. Tenho energia para transmitir. Tenho vida. Sou eu, estou viva! <br />
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Um poema que me tocou esta semana:<br />
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De forma <br />
bem constante<br />
já não julgo <br />
importante ser feliz <br />
a todo instante<br />
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Mas ainda mantenho<br />
um desejo <br />
ligeiro<br />
de ser feliz<br />
por inteiro<br />
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(Tereza Zambrini)Andréa Rochahttp://www.blogger.com/profile/04126566579014362709noreply@blogger.com0